domingo, 26 de outubro de 2014

Além das Fronteiras


Estar no mundo é diferente de viver o mundo.
Vivê-lo é enxergar as entrelinhas do aparente
captando no silêncio a canção do universo.
Degustar o nunca – este eterno sempre
pois os contrários não se opõem,
eles se abraçam formando o todo inseparável,
o que aparenta um fim, é apenas outro começo.

O que viceja como assombrosa novidade
simplesmente adormecia na imaginação.
O antes, o agora e o depois são um só:
eternidade em construção.
O limite é a porta para o ilimitado
tudo se mescla, um completa o outro.

Somente quebrando as barreiras
percebe-se que o mundo é um só
pois cada diferença
é apenas um tom
do mesmo brilhante.

Então por que lutamos tanto
para realçar um mundo pequenino,
tão fragmentado: países, negro, branco...
Cristãos, muçulmanos, judeus...
Escolhendo um, renegando o restante
se tudo é apenas uma outra face
de cada um de nós?

Erguer sisudas muralhas
é não avistar outras paisagens
pois além das fronteiras
existe um outro – tão meu.
                               
                                                                   Marta Reis